quarta-feira, 21 de outubro de 2009
REFLEXÕES PISICO-FILOSÓFICAS
Certo dia senti-me apunhalado por uma força, um grito que ressoava por dentro do peito, chegava ao crâneo e estremecia-o, era uma fome, não sei se minha, não sei se dos olhos que me tocavam, mas me sei que me comia, me sei que me doia. Era um medo profundo, um medo da morte, de se sentir morrendo sem perceber, um medo inconsciente, hora com cansaço de viver, hora com ânsia por ela; um sentimento de que falta sentido ou de estar sendo devorado por um sentido que não se ouve, não se vê, não se degusta – um sentido que está tão longe qua já perdeu o sentido.
A causa: A cada dia me dou mais de cara com o moinho da vida. Me vem à consciência seus processos, mas também seus rostos e olhares, e me pergunto: somos somente essa massa que o destino modela? Ao ver a dor, não me sei como me acalmo, não me sei como me desespero. Nesta indecição, o que faço é buscar respostas: De onde vem a dor?
Deu vontade de ir ao fim do mundo, perguntar aos Deuses, encará-la na cara.
Daí revelou-se a viagem destas memórias. Foi tão forte aquele sentimento que me fez querer mover montanhas. Minha vida começou a ser motilizada – vou em busca de uma morte e de um renascimento, vou em busca da Força. Mas o esforço de mover o real só se realiza entendendo-lo, como se diz: “o barato é louco e o processo é lento”.
A força mirou meu destino nos meandros da América do Sul, apontou-me o poderoso Andes e a selvagem Amazônia, é lá onde me devo. Ouço a força sussurrar sons e silêncios em mim, me sinto em um retorno a origem, a luz, a natureza. Estremeço-me denovo – me parece um sentimento demasiado romântico. Neste momento me salta aos olhos os apegos do espírito humano.
Por um lado, o corpo individual humano. Volto-me às pessoas que me dão segurança. Lembro-me de todo amor que envolve as delicadezas do dia-a-dia, mas que, ao mesmo tempo, é um circulo vicioso de dependências. Vejo que as dependências existem num encadeamento natural, mas também construído. A questão então é: Por que dependente? A realidade do corpo, toda sua gama de sentimentos e necessidades, deve envolver-se pela liberdade da mente, e aí é amor.
Por outro lado, o corpo social humano. Há uma série de instituições que dão corpo ao corpo social – a Família, a Sociedade, o Estado, a Economia, a Cultura, a Religião, as Ideologias, a Ciência, etc. Simplificadamente, estas intituiçoes, que são abstratas e concretas, existem, então, em dois mundos interconectados: o mundo das idéias e o mundo das matérias. As relações conflitiva e cooperativa nestes mundos e entre eles constroem a realidade. O poder de materialização é sempre o limite às potencializades das idéias. A questão então é: Há controle do poder real? Por quem? Por mais que as atuais instituições se desenvolvam num sentido de controle da vida, há uma força que o nega a todo momento: o próprio entendimento impulsiona à destruição de si mesmo. E é a ilusão que leva ao eterno fascíneo de nossas instituições, e que as mata pouco a pouco.
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