terça-feira, 20 de outubro de 2009

UMA SEMENTE NASCENDO



No momento estou en Valle Grande, cidade onde Ernesto Che Guevara foi enterrado. Meu início na “ruta del Che” foi em La Higuera. Perto deste povoado, em 8 de outubro de 1967, em “La quebrada del Churo”, Che e seu grupo foram capturados; nele Che foi morto em uma escola que hoje é museu. Depois de morto, no dia seguinte de sua captura, seu corpo foi trazido à Valle Grande e exposto como um troféu pela ditadura que governava o país na época. Aqui estou eu refazendo a rota dos últimos dias de vida do Che. Aqui estou eu tentando reviver a história, uma história que soa como um eco na história, pois a força dos ideais e das ações de Che ainda brilha, como um sol que da luz e calor aos corações. Revivo, então, a “ruta del Che”, mas me sinto não na de seus últimos dias, senão que na do nascimento “del Che”, em seus tempos de ‘Diários de Motocicleta’. Contudo minhas tranformações e minhas visões são, obviamente, diferentes da dele.
Até agora vejo uma Bolívia fervendo, mas tranquila; em frequente atividade política, mas sem guerrilha. São “pueblos” simples, com muitas casas feitas de barro, mas sempre num clima de solidariedade, de comunidade. Dizem aqui que nenhum boliviano morre de fome, diferente do que acontece em minha terra natal. Aqui há muitas pequenas propriedades, nas quais as pessoas vivem mais perto da terra, da “Pachamama”. Aqui sinto a semente de um ideal nascendo.
Por mim seria como um anarquismo, conferendo liberdade e autonomia aos homens com a idéia de que a terra é comum a todos, que é dever de todos cuidar-la, fazer-la compartilhar e crescer; e não estou falando de desenvolver mais a tecnica de domínio da natureza, senão que de compartilhar a tecnica que temos entre os homens e mesmo com a própria natureza. Não necessitamos mais domina-la e consumir-la, mas saber-la e viver-la. Devemos matar a idéia de progresso. O desenrrolar da humanidade deve ter em sua estrutura o caráter de cooperação. Para tanto devemos viver com a natureza, e não com os enlatados; viver com os instrumentos, produzir os sons, e não apenas reproduzir-los. Chega dessa história. Devemos chegar mais pertos da fonte de contrução do mundo. Mas só poderemos fazer isso se olharmos a história, a partir do presente, criando algo realmente novo, que brilhe ainda mais forte que a idéia que conhecemos de comunismo, pois assim brilhará também mais forte que o capitalismo; que seja síntese e não mais antítese.
E devemos fazer-lo, pois se não o capital e sua lógica alienação e de consumo, destruição, engulirá todas as matas, as águas, o ar e os minerais; engolirá a capacidade de transformação da mãos da grande maior parte humanidade, pois estará governada e controlada por um poder central, do Estado e das Coorporações, enquanto um recria a lógica de auto-valorização e o outro a legitima fazendo as manutenções necessárias para que exploda.
Aqui estou eu tentando matar a lógica de progresso entendendo-me, tentando matar o individualismo autonomizando-me socialmente recria a lógica de auto-valorização.

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